terça-feira, 12 de abril de 2011

O olhar de Suzi para a mãe África

Minha amiga Suzi Theodoro desembarcou em Angola faz poucos dias. Suzi, em verdade, foi primeiro amiga de Mara, na época em que as duas estudavam Geologia, na UNISINOS. Mara mudou para a Comunicação. Suzi seguiu o caminho das pedras, ou das rochas, como costumam me corrigir.

A distância e a mudança de rumo não as separou. Continuaram amigas. E continuam até hoje. Num determinado momento da vida, se reencontraram. Desta vez, casadas. Suzi me apresentou o meu maestro soberano, Luiz Theodoro. Mara também me apresentou, jornalista, a eles. E o que eram dois, viraram quatro.

Um pouco dessas nossas histórias já rolou aqui. Com o Lula, as músicas que fizemos em parceria. Com a Suzi os textos e comentários que volta e meia aparecem. Agora, como havíamos combinado, ela entra em cena como autora de textos/reportagens. Direto de Angola. Suzi e o seu olhar brasileiro sobre a mãe África.

Angola seria um prato cheio para você, Maranhão. Um jornalista com um olhar mais atento, com viés político forte e uma percepção das questões sociais aflorantes, não poderia deixar de ver que a mama África (Angola) é uma terra de contrastes impossível de ser imaginada no nosso Brasil.

Tenho frequentado dois mundos. Dos negros (Angolanos, nem por isto pobres) e dos brancos (estrangeiros), sempre ricos para os nossos padrões.

Acho que por conta das diferenças tão brutais, ainda não consegui articular as palavras certas para descrever o que vejo. Luxo e lixo fazem parte da mesma face da mesma moeda neste país.

O presidente quer recuperar os anos de guerra e fazer a infraestrutura que o povo precisa e merece. 50 em 5, me dizem os angolanos (professores). Os chineses e a Oldebrech constroem estradas, rodovias, aterros, condomínios e viadutos, mas o povo ainda está morando miseravelmente (muitos).

Sinceramente, meu coração está apertado com o que vejo (e já vi misérias terríveis em Camarões e no Quênia). Mas nada se compara a Angola. Mercedes, ferraris, toyotas e o povo nas candongas (o transporte publico/privado daqui - são lotações azuis, que não respeitam nenhuma norma de segurança - são táxis coletivos) .

Vocês podem pensar que estou em transe, ou que bebi uns copos a mais (só tomei dois). Mas, não. É uma realidade que me choca mais do que outras porque Angola também é Brasil .Temos a mesma mãe, ou seria Madrasta?

Falamos a mesma lingua, temos o mesmo suingue, a mesma facilidade de improvisar e as mesmas deficiências. Mas somos como gêmeos que foram separados (pelos portugueses e pela deriva continental), que se transformaram em adultos totalmente distintos. Já não somos iguais.

Espero poder mandar ( na próxima mensagem) fotos dos baobás, das lindas morenas e dos jovens tímidos, mas ao mesmo tempo soberanos, que tenho visto em relances de olhar.

Grande beijo para vocês.
 
Suzi Huff Theodoro
Geóloga da Petrobras, pesquisadora adjunta sênior da UnB e PhD em gestão ambiental e desenvolvimento sustentável.

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