segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O metro nenhum

Francisco Soares Alvim Neto, ou simplesmente, Chico Alvim, é mineiro, de Araxá e faz parte de uma geração de poetas que trilhou a diplomacia e bebeu da fonte de modernistas, como Oswald de Andrade. Junto com  Cacaso, Chacal, Geraldo Carneiro e Roberto Schwartz, compôs o Grupo Frenesi. Sua carreira literária está diretamente ligada a Brasília. Seu primeiro livro, Sol dos Cegos, de 1968, foi publicado aqui.

Hoje, Chico Alvim é capa do Jornal Correio Braziliense, porque está lançando um novo livro, depois de onze anos sem publicar. "O Metro Nenhum" chega às livrarias com o melhor da sua poesia, nos últimos dez anos. E ele continua um exímio observador do cotidiano. Um sagaz tradutor do óbvio em poesia. Como nesta que eu faço questão de publicar e que, certamente, fará o seu dia ficar mais leve.

Histórias de Neto

São muito chatas
Mas esta vale a pena
a babá
mocinha de treze catorze anos
resistiu o quanto pôde
mas acabou que 
confessou tudo
Só que tudo era outra coisa
muito pouco
quase nada
cinco reais um lençol um quilo
de arroz
o Cartier, negou
Ele três aninhos só ouvindo
e
de repente:
(nunca vi criança tão inteligente)
Mas que perigo
podiam ter roubado
 a minha chupeta

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