terça-feira, 8 de maio de 2012

Carta ao meu maestro soberano

"Piso no pedal do sonho
E a vida ganha mais alegria
Ganha o meu tesouro da juventude
Que foi em Pedra Azul
E em toda parte

Onde tive o que sou"
                          Beto Guedes

Luiz Theodoro, "meu maestro", e eu.
Querido Maestro, saudades.

Sim, é a saudade que impele meus dedos ao teclado, nesta manhã de quase inverno, aqui na serra, na "Petrópolis do Cerrado". Tenho os pés imobilizados e o coração saudoso. Meu pensamento bate em Minas e volta cheio de perguntas. Que distância é essa que nos impomos à toa? Por que?

Nesta manhã de quase inverno me permito um pedaço de calmaria em meio a tanto desassossego. Mas o que me aflige não importa. Importa que tenho saudade. E como me dou conta disso? Assim, ó. Olhando coisas de música, do Clube da Esquina, de Milton e . Escutando história e me identificando. Vendo a vida deles tal qual a minha. E imaginando que nós, maestro, não teremos uma esquina como a deles, mas nada nos impede de inventar o nosso próprio clube.

Me dou conta de que não são poucas as coisas que já fizemos juntos. Assim como é duradoura e sincera a nossa amizade. Foi por suas mãos que me vi tentado a subir em um palco e me arriscar em tão deliciosa aventura - a de cantar.


Foi pela tua provocação que compreendi - algumas das coisas que escrevo, pensei poesia, mas já nasceram música. Conto os arquivos e vejo que já temos seis ou sete canções compostas. Canções que não se encaixam em um modismo ou um estilo carimbado. Mas que me parecem ter muito das suas raízes mineiras e das minhas, maranhenses.

Entre as que já fizemos, "Brincadeira" é uma das que mais gosto. É música de amigo, de criança, música de ladeira, e de brincadeira. Enquanto canto, sinto uma lufada de vento no rosto. E o arranjo é a própria cara do interior de Minas. Como você tão bem costuma fazer.


Num outro momento, fizestes de uma poesia minha uma das mais lindas canções do nosso vasto repertório. Razão sem paixão surgiu despretensiosa, como uma poesia de fim de dia. E, originalmente, nem se chamava assim, como eu conto num post antigo, aqui do blog. Na minha modesta opinião, depois de pronta e acabada, a música ficou com a cara das coisas feitas por Paulinho da Viola. E rendeu até um clipezinho caseiro.


Hoje, revendo as coisas do Clube da Esquina, recolhido - por força da necessidade - ao meu canto, senti uma saudade imensa de te encontrar de novo. De jogar conversa fora, de te ajudar a por letra em músicas que já estão feitas; ou de escrever poesias para que ganhem os teus arranjos musicais tão preciosos.

Enquanto isso não acontece, escrevo pra dizer da minha saudade. Quem sabe, isso ainda vire música. Quem sabe...

Vim de longe pra dizer
amigo ainda estou aqui
não pense que fui embora
não diga que te esqueci

a minha história e a tua
só servem pra confirmar
nascemos na mesma rua
não vamos nos separar

As letras que escrevo agora
que até parecem poesia
nas cordas de tua viola
já vão virar cantoria

Faz horas que não te vejo
mas isso não quer dizer 
que a nossa amizade morreu

Enquanto houver um desejo
pra essa moda de viola 
quem faz a letra sou eu


Um comentário:

  1. comandante e parceiro
    obrigado pelas palavras, versos e, principalmente, os sentimentos
    os amigos são assim mesmo...
    os elos, as vezes, ficam cobertos, tal qual um iceberg...
    as vezes, somem de nossas vistas, mas não de nossos corações
    fico feliz por tanta generosidade
    ah... sim... é claro que o que vc me escreveu vai virar mais uma parceria músical...
    me aguarde!!!!

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