segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Alma de Noel


*Por Innocêncio Viegas


Papai Noel é um personagem encantador que vive no coração de todas as crianças, pena que algumas dessas crianças ao crescer deixem de acreditar no querido Santa Claus.
Para mim, Papai Noel é aquele que tem a oportunidade de fazer uma criança feliz, esteja ou não com aquela roupa tradicional. Diz a música que “Papai Noel não se esquece de ninguém...” e é verdade. Às vezes pode até demorar, mas um dia, inesperadamente, ele chega e lhe transborda de alegria o coração.

Tenho um amigo – E. Figueiredo – um velho irmão com quem me correspondo há mais de vinte anos, e não nos conhecemos pessoalmente. Ele vive em São Paulo, na Granja Julieta, e eu em Brasília, no Rancho da Montanha. Nossas cartas são gostosas e plenas de sabedoria. Dia desses – como dizia Machado de Assis – mandei-lhe um texto de outro irmão querido, também  epistolomaníaco, o Valfredo Melo e Souza, falando de “Garrafas ao Mar”, um texto lindo.


O mano Figueiredo logo respondeu contando a sua história com o Papai Noel. Ele, quando menino, fez uma carta para o bom velhinho, pedindo-lhe um brinquedo – um trenzinho. Lembrando os filmes de piratas e náufragos, colocou a carta dentro de um vidro vazio que era de remédio de sua mamãe, lacrou com cera de vela e, só aí, lembrou que estava longe do mar. Não perdeu tempo, enterrou a sua “garrafinha” no fundo do quintal de casa, na esperança de ser achada pelo Natal. O tempo passou. Hoje ele está se aproximando dos “oitenta”, igual a mim, e ainda espera o seu trenzinho.

Ao terminar de ler a sua carta, tive um estalo, parecido com o “estalo do Padre Vieira”. Logo me ocorreu desenterrar a garrafa do menino Figueiredo. Eu havia lido recentemente um volumoso romance de 460 páginas – Trem noturno para Lisboa – de Pascal Mercier. Fui à livraria, comprei  o livro e o mandei ao Figueiredo, via Correios. Juntei ao livro uma das minhas cartas pedindo a ele para deixar que eu fosse o seu Papai Noel. Ele adorou o presente, leu, ou melhor degustou a preciosidade e teve oportunidade de “viajar” nas páginas do seu trenzinho do Natal tão distante.
Fiquei feliz também ao proporcionar a alguém  a alegria de receber um presente nesse período festivo.
Nesse dia, sem a iluminada roupa vermelha, fui um gordo Papai Noel. Matutando com os meus botões cheguei à conclusão que o importante para a vida de todos nós, não é sair por ai vestido de vermelho, gritando Hô!Hô!Hô! e balançando um sininho, e sim todas as vezes que você fizer feliz  uma criança,  um adulto ou mesmo e principalmente  um idoso, você estará revivendo a lenda da sua infância e, ao olhar de quem  recebe, você é o verdadeiro Papai Noel.

Innocêncio Viegas
Aí , você abre um sorriso, dá-lhe  um abraço caloroso e lhe diz...
Feliz Natal! E repete. Feliz Natal! Não se preocupe se sentir vontade de chorar, e se chorar, estará apenas confirmando
que Papai Noel existe, chora, e tem alma.
Feliz Natal!!!


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