sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Um peixe para Iemanjá


Por *Mariza Poltronieri

Mariza Poltronieri
Uma máxima do humanismo: Em cada humano está contida toda a humanidade. Africanos, europeus, asiáticos, indígenas, habitam em nós todo o tempo, sobretudo no prato que comemos. Pensando assim, devemos agradecer a algumas coisas aprendidas e que fazem parte do dia-a-dia sem nos darmos conta.

A vida na cozinha até meados do Século XVI não era lá muito animada. Alguns tubérculos dos índios e cozidos dos portugueses faziam uma festa muito sem graça. Eis que de um jeito torto e triste os africanos vieram colorir nossa terra.  Graças a sua cultura e tradições, hábitos e costumes alegraram nosso cardápio. Os africanos, feitos escravos, vieram de muitas tribos e mesclaram suas crenças formando uma religião – o candomblé.  

Toda a entidade do candomblé tem um pouco do humano e traz consigo a fraqueza e a força, virtudes e maus pendores comuns a cada um de nós. Para reverenciá-la, além das rezas, palavras de encantamentos, evocações e cantigas, é preciso uma boa comida para agradar. Poucos sabem, mas a higiene na cozinha veio desta tradição. As cozinheiras escravas exigiam um lugar purificado para o preparo dos quitutes de seus Orixás. Depois de conhecidos os aromas e temperos que encantaram os senhores de engenho, qualquer crente ou descrente aceitaria essa condição.

Depois do século XIX mais gente veio somar ao nosso paladar e ficamos mesclados também em sabor. Uma viralatice feita de muitas raças, culturas, crenças que nos dão um borogodó muito especial.

Se o sabor começou pela África é por ela que devemos agradecer o pão de cada dia. Axé.


Dia dois de Fevereiro é dia de Iemanjá, orixá feminino dos mares e limpeza, mãe de muitos orixás. Dona da fertilidade feminina e do psicológico dos seres humanos. Ela gosta de peixe do mar.

Robalo na Brasa para Iemanjá

* Receita fornecida por Wesley Abreu que mora em Joinville-SC, é gourmet e um adorador do mar.


O Robalo é um peixe muito comum na costa do Paraná e Santa Catarina. É um bom peixe em todos os sentidos, esportivo para os pescadores que gostam de uma boa briga e  possui uma carne branca, tenra e muito saborosa para os apreciadores de frutos do mar. Também é uma receita simples podendo ser feita em qualquer lugar.

 Ingredientes:
·         1 robalo  com cerca de 2,0 kg
·         sal e pimenta-do-reino moída na hora a gosto
·         suco de 1 limão
·         azeite e salsinha

Modo de preparo:

·         Lave e limpe o Robalo. Tempere, por dentro e por fora com sal, pimenta, salsinha e limão. Coloque o Robalo  na grelha  com o carvão em brasa forte, a pelo menos 50 cm do fogo,  vire com 20 minutos e  deixe por mais 20 minutos.  A cada 10  minutos umedeça o Robalo com a mistura do tempero descrita acima com bastante limão.  Ao Final dos 40 minutos  abaixe a grelha para 20 cm da brasa e deixe dourar  uns 5 minutos de cada lado para dourar bem. Neste momento precisa-se de muita atenção para não queimar.

·         Sirva com arroz branco com bastante alho, salada de folhas e tomate cereja. Serve 4 pessoas.

* Mariza Poltronieri é culinarista, em Maringá. Escreve aqui sempre que tem vontade. E sobre o que quiser. Toda vez que ela aparece, tempera as páginas desse blog com histórias deliciosas.

2 comentários:

  1. Sei que vc, meu amigo, também ama o mar. Estive com o mar estes dias e ainda sinto o seu cheiro. Tomara que meu texto tenha esse sopro de maresia. Uma homenagem a ele e sua rainha.

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  2. Eita texto bonito e gostoso ao mesmo tempo!!! Peixe é tudo de bom. Mariza com certeza a senhora estava iluminada e mais brasileira no momento de conceber esta maravilha. Lendo isso, a esperança se renova dentro da gente, porque vemos que a nossa verdadeira índole enquanto povo é de paz e amor.Diferente do que temos visto e ouvido em noticiários nos últimos anos. "Somos crentes e descrentes que aceitamos ser brasileiros". Pois somos um povo que é realmente toda essa mistura que deu certo....Parabéns Mariza!!!

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