sábado, 26 de janeiro de 2013

Um tambor

Nestes dias de janeiro, os tambores invadem a ilha de São Luis. Madre D'eus arrepia. Não por acaso, meus fantasmas de infância me invadem também. Mentalmente, viajo com eles. E o menino que me habita corre, pés descalços, por ruas que nunca saíram de mim.

Quando criança
eu vinha da escola
ouvindo tambores
sem saber o que era
nem de onde vinha

Cruzava portas de ferro
varandas, becos, janelas
e quintais

E aquela música
não me largava.

À noite, os tambores
eram outros.

Na rede, corpo embalado
ao sabor das mares,
recebia de longe
com um misto de respeito
e assombramento
o som dos atabaques

tambor de mina
tambor de crioula
tambor de boi

Meu peito
feito um tambor
até dormir

Hoje, distante, o mar
de saudade ocupa o
dia chuvoso de um ritmo só
Sou menino
de novo

Meu peito
feito um tambor
até acordar

Um comentário:

  1. Beleza, Maranhão. Viajei no ritmo dos versos e dos tambores do Maranhão, de Minas (Montes Claros) e de todo esse imenso Brasil afora. Parabéns.

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