terça-feira, 17 de setembro de 2013

Meninas, gatos e manhãs de setembro



Corrida matinal, sol de setembro no corpo, mesa posta, café.
A TV ligada no noticiário. Os dias de setembro são mais coloridos.
Ainda que as notícias nem sempre sejam boas.

Mariana aparece na cozinha, pronta pra ir pra academia.
Beijo, sorriso, conversa sobre ontem. Os filhos, nas manhãs de setembro parecem mais felizes.

O telefone dela toca. Clarice. Mariana dá um grito de felicidade e começa a chorar. Me assusto com o grito e com o choro, mas logo percebo que é um choro diferente. É choro de manhã de setembro, de notícia boa.

Escuto só um lado da conversa feita entre choros, risos e gemidos. Mas vou montando as partes daquele quebra-cabeças dialógico. Há quase um mês, o gato de estimação de Clarice, o Tadeu, sumiu de casa.

Clarice chorou, choro de agosto, de tristeza. Um dia, depois de muitos choros, ela chorou um último, de despedida. Compreendeu que a vida se faz de encontros e de partidas. Tadeu se fora. E a vida seguiria sem ele.

Mariana acompanhou a tristeza, os choros e a despedida entre a Clarice real e o agora imaginário Tadeu. A vida seguiu.

Hoje, o choro de Mariana vinha com o sabor de reencontro. Tadeu voltou. Apareceu de surpresa. Magro, esfarrapado, cheio de carrapichos e com um ar de cansado. Mas acertou o caminho de volta (não se faz ideia de onde ele esteve nesse tempo) e bateu na janela de Clarice.

A volta de Tadeu confirma a regra. A vida se faz de encontros e partidas. Hoje, manhã de sol de setembro. Clarice, Mariana e Tadeu se reencontraram em um choro alegre. Os dias de setembro, definitivamente, são mais coloridos. E, às vezes, as notícias são boas. 

Clarice e Mariana.
Sorriso de manhã de setembro.
Texto originalmente escrito para a coluna Olhar Poético, do Blog da Cris Guerra - Hoje Vou assim

3 comentários:

  1. Setembro é uma delícia de promessa. Depois do inverno cinzento, depois do agosto ventoso, só pode ser alegre. Uma espera gentil de um tempo caloroso e florido. A natureza nos presenteando e o reflexo? Sorrisos.

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  2. Oi, Maranhão! Perdi toda minha mensagem, mas vou tentar recuperá-la na memória, que já começa a falhar! Li o texto no destino para onde ele foi escrito originalmente, mas preferi deixar meu comentário aqui, na sua casa virtual. Fiquei emocionada com ele, por dois motivos. Primeiro, porque setembro é o meu mês, é quando o sol brilha no meu signo, e eu me sinto melhor. Segundo, porque no ano passado vivi exatamente o sofrimento da Clarice. Um dos meus gatinhos (tenho oito!!) desapareceu. No final de um triste mês de agosto. Foram sete dias - e oito noites - de vida sombria, bem agosto. Eu mal comia, mal trabalhava, mal vivia... Durante as madrugadas, pegava o carro e saía procurando, chamando, chorando... Até que um dia, cheguei do trabalho, já à noite, estacionei, abri a porta do carro e ouvi um miado. Reconheci. Chamei pelo Alfie e ele respondeu. Larquei tudo, fui procurando e chamando, até encontra-lo no telhado de uma casa. Acho que ele estava tentando voltar, depois de muita busca. Depois de matar a saudade, publiquei o relato no facebook, onde compartilhei minha angústia por todos esses dias e onde apelei por ajuda. No desfecho, uma foto sorridente com meu fujão no colo. Quem acompanhou meu sofrimento, viu que o sorriso era de alívio, um sorriso de prenúncio de setembro.
    Foi um milagre. Assim como foi pra Clarice. E nós sabemos o valor disso. O sorriso é o agradecimento.
    Beijo no seu coração!
    Vivian de Castro Alves

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  3. Lindo, tudo! a narrativa, o retorno do Tadeu (amo gatos e sofro com as inúmeras partidos dos meus incontáveis 'Tadeu', setmebro - que é o meu mês preferido, seguido de junho... Obrigada! ;)

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