sábado, 3 de maio de 2014

Depois da chuva.

No Quartier Latin, jurando não morrer antes de voltar lá. 
Um dia, bem lá atrás, conheci essa música.
Estava em Porto Alegre. Depois da Chuva.

Porto tem dessas coisas. Provoca na gente uma alegria e uma vontade de entristecer incontroláveis. Uma ambivalência absurda. Principalmente nos fins de tarde, na beira do Guaíba, ouvindo Vitor Ramil.

Nesse dia, eu caminhava de volta do Bom Fim, quando ouvi essa música. Nem sabia quem cantava. Mas me apaixonei por ela imediatamente. Pelo vigor, pelo francês misturado, pelo compromisso de não morrer. Morrer ali seria um insulto.

A cidade meio cinza, meio frio, meio promessa, devassidão. Meio pressuposto, meio pesadelo. E eu, lá. Consciente de que não dava pra morrer ali, nem de alegria, nem de tristeza. Nem por um surto.

Desde esse dia, passei a prestar mais atenção nas músicas de Bebeto Nunes Alves. Um louco são. Um visionário. Um intrépido menestrel urbano, tradutor das coisas portenhas. E então ele entrou na minha playlist, definitivamente.

Quando caminhei nas ruas do Quartier Latin, em Paris, lembrei de Bebeto e jurei não morrer ali, antes de voltar umas quantas vezes.

Mais tarde, vim a saber que Bebeto, por essas ironias que a vida traz, vem a ser o pai da Mel Lisboa. Mas isso, é outra história. Que eu espero contar, um dia, antes de morrer.

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